sábado, 6 de fevereiro de 2010

Inválidos sentimentos abstratos desconexos
Invasão diluvial imprudente, imponente, sagaz
Afogo-me na tempestade do meu inferno astral
Desvio meu caráter, mesmo que para isso eu não seja mais eu
E lute contra tudo o que quero e o que desejo
Um beijo de fel dou no meu próprio rosto
Há veneno escorrendo por entre meus dentes
Há sangue quente escorrendo em minhas mãos e o que teima em me restar, bate gélido, sombrio, em meu peito
Queria a coragem de outrora pra lutar
A vontade do passado de viver, a ilusão de sonhar
Queria fantasiar a felicidade de um carnaval
Queria o aperto quente de um sexo selvagem
Queria um abraço forte da pessoa que amo
Queria ter vontade de viver
Sou mutante sombrio, sou a mutação das coisas ruins
Sou a sombra que assola o mundo
O grito nojento do estupro
Sou a alma desacalentada do suicida
Sou a maresia que destrói construções
Sou a morte de tudo o que sinto
Sou eu só e o inferno em que vivo
Onde nem Satanás se faz presente
Sou pior que ele e isso me consola.
Nem Deus tenho por mim.
Me perco no meu mapa de ervas venenosas
Sou o sofrimento dentro de mim
Sou a sombra do porão, a lágrima no chão
Sou triste, ainda que poeta seja.

Bruno Sampaio.