sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Engraçado a quantidade de textos meus que devem ter sido perdidos por aí, pelos computadores e papéis da vida... Mas é isso, né? Na hora, a gente faz o parto e não se preocupa muito em guardar e nem em levar para adoção, enfim, eis ele:
"Eu sempre quis. Com uma obsessão que me era tão particular quanto o modo de querê-lo.
E queria muito. Sonhava com isso noite e dia e imaginava alcançar a todo momento.
Era um tanto quanto inatingível, mas não deixava de esperar, de aguardar pacientemente. Até aos santos recorri, em um ato mais desesperado.
Sempre me senti meio vazio com toda a minha poliqueixose diagnosticada por alguns amigos mais próximos. Talvez as minhas queixas nada mais fossem que uma forma de me preencher, nem que fosse com palavras, já que era tudo um vazio tão sombrio que me assustava.
Não estava acostumado a dormir só, mas também não recorria a companheiros imaginários. Era eu e meus pensamentos naquilo que julgava que me faria feliz. Me sentia confortável ao imaginar situações felizes, me sentia preenchido, acompanhado, dormia com alguém, ou com o desejo de alguém.
Com o tempo as coisas foram piorando e o vazio foi aumentando. Não conseguia mais controlar, era algo que me fugia às mãos e das mãos, a cada dia que passava. Só me culpava pelo que não pudia ser culpado, mas eu era assim, eu sou assim.
E assim, sendo do jeito que sou, sou tão vazio, tão oco, tão só. Só eu e meus pensamentos me acompanham. E eles me criticam, mas são sempre companheiros, diferente do que quero."
Bruno Sampaio.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
dis-Faces
Eu não me demonstro
Eu só me abro para a minha poesia
Na face um sorriso aberto, expressivo
No peito uma lagrima latente, pungente
Eu não me abro, eu não me entrego
Eu me escondo, eu me afugento
Eu me abrigo nos meus versos
Eu ouço o som da minha métrica e nele me afogo
Eu me abismo, eu me lanço, eu me choro
Eu não me exponho
Eu sofro só, calado, na calada calada da noite
Eu penso, eu reflito, eu abstraio
Eu me refugio, eu me distraio
Eu sou eu, meu sofrimento e eu mesmo
Para todos, sou felicidade constante, abraços, sou um momento alegre
Para mim sou fracasso, sou abandono, sou solidão
Sou um porto à ver navios
Sou um peixe que nenhuma rede envolve
Sou livre e sou eu mesmo
Sou minha angústia e meu desespero
Sou minha sinceridade e minha vontade de viver
Não, não sou a vontade de viver.
Sou a verdade e isso aniquila tudo isso.
E isso me aniquila.
Bruno Sampaio.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
lembranças
Elas têm o cheiro
Têm o sabor da lembrança
Elas têm o prazer do passado, a utopia da esperança
Elas têm um quê de infelicidade, elas têm um pouco de saudade
Elas são acompanhadas do vazio, elas têm a solidão andando de mãos dadas a elas
Elas têm as lágrimas dos fins de semana, elas têm as ligações fraternas intermináveis
Elas têm a angústia do momento ouvido, elas têm a tristeza de um passado vivido
Elas têm o cheiro da pessoa amada, tão longe, tão longe, largada
Elas têm uma vida inteira mais que amada
Elas têm o soluço do pranto do fim
Elas têm a mim.
Elas vivem em mim.
Eu sou ela, eu sou a lembrança de mim.
Sou a representação do fim.
Bruno Sampaio.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
PRETO
Me seria apagado, destruído, acabado
Deletado, pra ser mais moderno, esquecido, pra ser mais adoentado
O branco seria o amor superado
O bobo, abestado
O dono do amor inatingível, o sonhador dos sonhos abstratos
O branco seria a paz
De um espírito distante, amargurado
O branco seria um papel, riscado por uma poesia não coesa
O branco seria tudo e nada, ao mesmo tempo
O branco seria a superação, seria a ação, abstração
O branco me seria simbólico, me seria forte, me seria concreto
Tão concreto quanto o preto, que emagrece
O branco me daria a forma, me seria uma prece
Rezada calada, na calada da noite, com sofrimento bastardo, amor inacabado
O branco seria meu amor, seria minha dor, meu pranto, meu sofrimento
O branco seria colorido, seria incolor, o branco seria o que eu devia sentir
O branco seria Deus, tão desacreditado por mim
O branco seria abstrato, inconcreto, o branco seria um cimento
O branco seria uma viga, uma laje, o branco me seria um traje
Um clamor de mim mesmo
O branco me seria um espelho
O branco me seria um reflexo de alma, o branco seria minha calma
O branco me seria de uma cor de dor
E de alegria
O branco seria o meu amor
Tão amado, tão clamado, tão exaltado
O branco me seria feliz
Mais feliz ainda se dele pudesse esquecer
O branco seria o oposto de tudo o que vivo
O branco seria o barroco neoclássico que surgiria
O branco me apagaria
O branco não seria o preto
Que me consome em seu luto, em sua falta de cor,
De amor.
Bruno Sampaio
(Acho que esse foi o texto que escrevi e publiquei com o menor intervalo de tempo, de todos, nem esperei esfriar)
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Era um eterno pulsar de desconfiança. Tudo: a vida, os estudos, o amor. Desconfiava de si e dos outros com uma maestria assustadora.
Tentava objetividade, em vão. A prolixidade existencial lhe era tão arraigada que lhe definia.
Era um Decartismo eterno: se punha em dúvida sobre tudo.
Desconfiada, andava, com seus passos pesados, tristes, acompanhantes de uma sinfonia fúnebre.
Queria amor. Na verdade, queria ser amada, queria que uma alma viva, mesmo que por caridade, demonstrasse amor por ela. Ela não se amava, não cuidava de si, os cabelos desgrenhados e secos eram testemunhas de seus maus tratos interiores que se refletiam em sua casca. E apenas assim se via: como uma casca. Uma casca inóspita, vazia, oca, quase inexistente.
Tentava, por vezes, fingir segurança, mas sempre falhava. Gaguejava, roía-se, olhava um alvo abstrato, mas nada lhe valia, ou servia.
Suas colunas de sustentação interior já estavam destruídas demais. Nem um aspecto saudável conseguia manter.
Quando chegasse em casa, choraria em cima de seu travesseiro, já úmido, e tentaria se consolar em seu pranto. Sabia que permaneceria assim para sempre, até o fim, que, certamente, já estava bem próximo.
Bruno Sampaio.
Dicotomia abstrata
melhor definido
Amor acabado
Nenhum sentido
Laços errôneos
Sentimentos partidos
Dualidade ilógica
Matrimônio ungido
Egoismo egocêntrico
Sofrimento fadado
Amor proibido
Alguém encantado
Falsidade fingida
Percepção do contrário
Vontade distante
Acontecimento arbitrário
Fim do caminho
Final do cenário
do amor
da dor
do ouvir
do sentir
do pulsar
do viver.
.OCO.
Bruno Sampaio.
(Esse texto foi, especialmente, escrito para descrever um momento bem pessoal, há alguns dias).
Tomei o papel dela e disse que era uma poesia. E era. Ia sendo perdida, como tantas outras, mas conseguir salvar. É boba, ok, mas vou deixar ela registrada.
Tristeza perdida
Há tempos o desejo de escrever me consome.
Penso e repenso
e nem a nódoa da inspiração me mancha
Depressão é essencial
senão para viver, para escrever
Falar do mau é bom, fácil
É vivo, é real, pulsa
Felicidade não cabe em mim
não fui feito para ela
São dois pesos e duas medidas
Que fogem ao meu sistema métrico
pois pulso
Bruno Sampaio.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Geralmente, escrevo e deixo esfriar, depois, quando leio, se me impressiona, publico, se não me impressiono, deixo se perder em meio aos mais variados arquivos que possuo.
Essa semana me veio um fio de inspiração legal, mas tava tão legal e eu numa fase tão ruim, que nem quis escrever. Hoje me arrependo rs
Escrevi essa faz poucos dias e só gostei do final. Mas como não será usada em livro, vou postar aqui, no blog:
(in)definições
Queria me definir, mas que outro jeito, senão pela poesia?
Que jeito seria tão menos objetivo quanto a vontade que tenho para me registrar em palavras?
Qual a impressão pessoal da total impessoalidade que poderia ter, senão feita através de uns traços poéticos?
Mal feitos? Sim, mas completos naquilo que busco
E me busco, e me busco e não me acho
Pelo menos, seriam, no mínimo, completos em sua essência e naquilo que espero de mim
Nada muito cartesiano e nem objetivo
Não devo me encaixar na dialética da vida, tenho várias faces, vários planos me rodeiam, permeio por entre os meios e me perco
E me busco, e me busco e não me acho
Queria me definir na poesia e ainda assim encontro o obstáculo da música das palavras
Tão sonoras são, coitadas
Tão vazio estou, coitado
Me perco na vida e me encontro nas palavras e ainda assim não me defino
Como é difícil se descrever um homem, ó céus.
Se Deus estivesse ao meu lado, talvez tudo fosse mais fácil, mas nem isso
Tudo bem que não o procuro, mas não o deveria perdê-lo
Deveria adorá-lo, como cristão, talvez
Um ato de fé
Nas horas de solidão ele não me é o mais companheiro
No fim das contas, só sobram eu e meus versos, que sempre me acompanham
Me engrandecem, me consolam, me expressam, mas não me definem
Meus versos não me limitam
Me busco, me busco, me busco neles e não me acho.
Talvez seja tão difícil de me definir porque sou a própria poesia.
Bruno Sampaio.
sábado, 3 de outubro de 2009
Tristes sertões do peito
O amor de antes e a maturidade de hoje, num misto
Embrionariamente gêmeos, unificados
Queria a felicidade que transcendia o olhar e ascendia a alma
Queria o impulso que me movimentava e o calor que me acendia
Queria a paz de um amor maduro e de um sentimento sincero
A beleza de um sorriso puro, encantamento inevitável
Queria a vida de outrora, a paixão de outrora, a razão de outrora.
Um riso seco, um peito seco, um verso seco e só ele me resume.
E me ocupa como a única coisa
Encantamento mágico do vazio que me completa.
Bruno Sampaio.
sábado, 13 de junho de 2009
Navego em mim mesmo e desembarco no meu porto abstrato.
O mar das ilusões se faz calmo e tudo o que antes era tormento se desfaz
como um laço de matrimônio
Meu batismo foi sacramentado na esperança, que agora se torna paz
Sou meu barco e meu abrigo
Minha vela acesa e meu tormento
Minha angústia e desespero
Sou pirata de mim mesmo
Ateu dos meus próprios sonhos
Estou só e isso me basta
Nem choro, nem sorriso, estou inerte
Tal qual as águas mansas, viajo sem direção
Abstraio a realidade
Sou feliz por ser eu.
Me inspiro e me navego
Me exploro e me descubro
E no fim, só os versos me consolam.
Bruno Sampaio.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Decidi que iria comprar uma lasanha no mercantil e fui lá. Costumo dizer que nasci para ser grávida ou velho: detesto pegar fila e, a contragosto meu, era isso que tinha, de sobra, no mercantil: filas e mais filas. Até o caixa rápido estava lento, enfim. Desisti da idéia do mercantil e fui pra minha segunda opção: a casa da minha avô (anteriormente, minha tia tinha me ligado dizendo que a geladeira estava abarrotada de coisas boas. Aposto que foi só pra "bulinar" na minha pobre alma de ex-obeso-sedento-por-coisas boas).
Chegando lá, tinha uma amiga e um amigo do meu avô que moram em Portugal e que foram fazer uma visita ao velho poeta. Entrei, cumprimentei todos e segui logo pra cozinha, pra ver o que tinha de bom e "fazer logo o meu mercantil", gratuito, nesse caso.
Quando eles estavam saindo, fui junto. Nas despedidas, estavam falando de poesia e meu avô soltou essa:
"Depois de cego, eu pedia pra Solange ler alguns dos meus livros pra mim e tinha a certeza de que aquilo não tinha sido eu que tinha escrito. Quando eu escrevia, eu sentia que era uma inspiração de fora que vinha, algo que incorporava, não sei explicar."
Eu achei isso absurdamente lindo e inspirador. Não inspirador pra mim, mas sei lá, a situação em si é inspiradora. Até porque eu nunca percebi que nada incorporava em mim quando eu escrevia.
Na verdade, quando leio alguns textos escritos há um tempo, fico surpreso, acho bonito, acho muito lindo, pra falar a verdade, me surpreendo com aquilo que escrevi e, às vezes, chego a pensar que não fui eu que escrevi. Tá, não que eu queira ser O POETA, como meu avô é, mas é bem isso que eu sinto.
Por outro lado, quando leio alguns outros textos que escrevi, chego a pensar que sou um patético escritorzinho chulo que pensa saber brincar com as palavras e com os sentimentos e, com isso, imagina que as futilidades que escreve podem tocar alguém. Lógico que esse é o objetivo: tocar alguém, mesmo que esse alguém seja eu.
É estranho. Talvez eu possa ser um meio-escritor, ou um fanfarrão qualquer que pensa saber escrever, mas não sei. Aliás, se tem algo que não tenho domínio é da língua. Gramática, assim como física moderna, são assuntos que nunca tive domínio. Já disseram que é quase um Patativismo do Assaré, já disseram que lembram Clarice, já disseram que tenho minha personalidade própria, enfim, só sei de uma coisa: nunca chegarei aos pés do meu avô, de quem sou fã. Não é pra qualquer um ter Carlos Drummond em um dos prefácios de seus livros, ou trocar cartas com Jorge Amado.
E o engraçado disso tudo é que ele não se sente capaz de ter seus livros publicados. Sempre se recolheu ao ambiente familiar e suas artesanais publicações só chegaram às mãos de filhos e amigos, embora se tenha notícia de que algumas dessas obras têm cópia em uma biblioteca de Nova Iorque.
Mas fica aqui o objetivo, agora registrado: eu vou publicar, mais cedo, ou mais tarde, as obras do meu avô.
(Ah, e se alguém quiser ler alguma poesia dele, é só pedir, nos comentários, que eu coloco)
:)
A vida limitada àquilo me incomodava. Era como um soco num estômago que não era meu, mas que eu acabava sentindo, por eu ter feito parte de tal organismo decomposto. Como achar que a felicidade poderia ser encontrada ali? E até podia, mas era rara. Tão rara como encontrar um lapso de cultura em meio a uma multidão de alienados, que teimavam em fazer o complexo mecanismo da repetição se repetir.
E se repetia sempre, com as máscaras de sempre, os bobos-da-corte de sempre (com suas piadas sem graça de sempre) e os reis de sempre, que apoiados na tolice de seus tolos súditos, reinavam felizes, com a suposta e irreal "felicidade" repetida, imposta.
Bruno Sampaio.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Porto de papel
Por gentileza, uma dose de silêncio.
Quero afogar meu pranto e derramar a ira que agora sinto
A tristeza de outrora se esvai, se dissipa como todo sentimento que dentro de mim exista
Só resta rancor, infiltrado, intimamente enlaçado a tudo que me lembra o que vivi
O porto, que antes se dizia seguro, não é mais que um reservatório, um pote, um balde rachado
E minha navegação de papel já não é seca, já não navega
É molhada e afogada, destruída
Transtornada como o amor.
Sentimentozinho pífio, que não consola, só maltrata.
Laços viciosos, consequências tenebrosas e finais sombrios
Diferente do amor, o reconforto da vitória
Os recomeços de alegria.
Bruno Sampaio
terça-feira, 2 de junho de 2009
Ela
Logo nos tornamos cúmplices. Era um amor sem atração, ainda que bem atraído e junto.
A confiança não tardou a vir, nem os risos, as confidências. Ela tinha o dom de transformar cada momento sacal no mais interessante e apaixonante momento. Eu, sempre péssimo em gramática, me sentia o invetor do latim, quando estava do seu lado.
Era mágico e ela sabia tornar sublime. Eu a amava. Mas nunca passou de amor. Acho que nem tinha como passar. Não queria possuí-la e nem a queria longe, ao meu lado era sempre o melhor local. Não gostava de dividí-la com amigos. Ficava bobo e queria que minhas piadas sempre fossem as mais engraçadas, para que eu pudesse ver aquele brilho metálico do seu aparelho, que, tempo depois, foi removido.
E cada um tomou seu rumo. Ela, sempre decidida, foi em busca de seus sonhos. Eu, indeciso e sem ela, patinei em algumas coisas, testei algumas outras. De certeza mesmo, só a que eu a amava. E sabia que ela me amava. Pra mim era tão claro. Com um olhar, eu sabia que ela precisava de mim, dos meus conselhos, do meu ombro. Sempre fui muito agitado, mas ela confiava em mim. Ela confiava em mim mais do que eu mesmo. Durante esse tempo todo, ela me deu sabor à vida. E depois de tanto tempo, tanto tempo, percebo que ela é tão importante pra mim quanto minha esposa, ou quanto os meus filhos, que lógico, a chamam e a têm como tia (por parte de pai, porque ela é mais que uma irmã pra mim). Nela vejo a representação da amizade e chorando, com as mãos tremendo (ela que diagnosticou meu Parkynson e que me apoiou durante toda minha adaptação à doença), tento arranjar alguma forma de homenageá-la, mas não consigo. Tudo o que eu fizer é pouco diante do que ela representa pra mim. Ela é mais do que tudo o que eu possa escrever, é superior a qualquer metáfora que minhas mãos possam desenhar. Ela é assim e nada que eu venha a escrever a retrata da melhor forma. Talvez com um abraço apertados, do jeitinho que ela sabe que eu gosto, eu consiga transmitir alguma coisa. Escrevendo não, eu não sou capaz, e, ainda assim, ela adora as bobagens que escrevo.
Pequena homenagem a uma grande pessoa na minha vida. Ela, realmente, sabe ser e sabe o tom da nossa amizade. Uma das minhas grandes amizade e um dos meus grandes amores.
:)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
O porquê da tristeza
E o engraçado é que isso não ocorre!
Amo escrever sobre tristeza, solidão, melancolia, fundo do poço, pelo simples fato de achar lindo. Como não sou intelectual e como não tenho capacidade de escrever coisas interessantes, ou inteligentes, ou até de bolar situações das mais complexas, me resumo no que consigo e isso me resume.
È um traço meu. Não trago minha ironia para a minha poesia. Trago a minha depressão, que, às vezes, inexiste. E o engraçado é isso.
Cara, eu não consigo falar de uma menina loira brincando num parque verde, feliz. Imagino, logo em seguida, uma outra, abusada e espancada logo na rua atrás, próximo a uma que foi jogada de uma janela.
Mas é a vida, infelizmente. Se ficasse só na imaginação e no sentir, seria ótimo. O pior é que temos que viver e cada dia mais expostos à infelicidade das ruas e das pessoas. Mas é isso. O degradante está aí, ao nosso lado, a nossa frente, na nossa poesia.
Vazio... O vazio
E, cegamente, me abordou e se pôs a fazer colocações insanas sobre nós.
Não mais cobrava amor de mim, mas me queria vivo ao seu lado, estado este que já não mais me encontrava há tempos.
O amor estava ali, como um quadro em cores pastéis, que claramente exibia sua representação pálida. Era estático, imóvel. Já não mais pulsava. Eu não mais pulsava.
Era um morto com artérias que ainda teimavam em movimentar-me o sangue.
Já não mais sentia. Mas o que era sentir, senão um turbilhão de lembranças que me punham em sofrimento só pelo simples fato de ter amado alguém na vida?
E não mais amava. Ainda assim, se punha a cobrar aquilo que jamais teria de mim. Nem eu me tinha.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Carta de Bruno Sampaio para um eu desconhecido. Em Agosto/2008
"se perguntar o que é o amor, pra mim...
não sei responder, não sei explicar...
mas sei que o amor nasceu dentro de mim..."
E quem sabe explicar?
Quem ousaria tentar explicar um sentimento tão contraditório? Eu só sei que por ele sofro, aliás, seria por ele ou pela paixão? É tudo tão confuso. A vida é tão confusa.
Pelo menos, estou vivendo uma fase super confusa. Tô mudando e quero ver a resposta desta mudança, mas não vejo. Anteriormente, escrevi que não sabia se estava apto a amar e agora já ouso dizer que o mundo não está apto a me amar, pelo menos, da maneira que desejo, não.
Enfim, tô começando a pensar que nasci para ser psicólogo ou apenas amigo. O dom da amizade, eu sei que tenho. Mas e o do amor, em si? Amor não fraternal? Amor entre dois? Será que sou incapaz de tê-lo ou são incapazes de me dar? Não sei, não sei. Só sei que no momento, estou começando a ter uma pontadinha de sofrimento, que, certamente, há de passar.
Mas o amor não passa e isso acaba comigo.
Bruno Sampaio, em 31/8/2008
:)
ps': Em agosto, eu JAMAIS, repito, JAMAIS pensaria que eu faria vestibular pra psicologia e JAMAIS, repito, JAMAIS me imaginaria começando a cursar psicologia em agosto de 2009, um ano depois. Acho bem incrivelzinho.
Vasculhando um antigo blog, achei esse:
a do amor é a que mais me atormenta
e ignora
e apavora
e dói
e dói
sofrer por amar
amar pra sofrer
morrer de amores
então que seja uma morte dolorosa
que me mate aos poucos e com a intensidade de um câncer
que cresce e se espalha
que enraiza e tortura
que pisa, destrói
queria agonizar a dor da morte e muito mais a dor do amor
engasgado com meu próprio sangue e com a desilusão de um amor mal resolvido
de um amor torpe, estranho, proibido
amor vulgar, pervertido
porém inocente e puro
inocente e mortal
verdadeiro
e traiçoeiro
mate-me, pois
leve-me, pois
só não me deixe sofrer
ou então que leve meu coração contigo
e aqui me deixe, agonizando por te amar
e te amando pra morrer.
Vasculhando alguns documentos, encontrei esse textinho:
Para escrever tristes coisas, me punha a pensar em situações desastrosas.
Pensava viver outros relacionamentos, amar outras pessoas. Mas não conseguia. Era um fato tão improvável que nem cabeça lhes dava, nem feições, nem sentimentos. Eram cadáveres com rostos putrefados, mortos e inexistentes assim como os sentimentos dentro de mim.
Era um vazio de plenitude que me assustava. Não me sentia bem. Era estranho amar uma pessoa e se imaginar longe dela. Era como se meu músculo pulsatório se conservasse vivo dentro de um vasilhame com formol, conservado, pungente. Mas eu não estava assim. Estava decomposto, assim como tudo que dentro de mim permanecia nesse estado.
Precisava reagir e não sabia como. Era como se tivesse embalsamado vivo e só meus olhos sentissem e percebessem a situação.
Triste situação lancinante de um morto vivo, que teimava em viver, mesmo sem sentir.
Bruno Sampaio.
Acho que é uma boa representação do que eu queria sentir na época.
Cara, é um espaço meu
Aí tinha um blog em que postei meia dúzia de opiniões e parei. Acho que por eu não ser crítico e por não estar numa época muito voltada a escrita. Mas agora estou. Aliás, nem sei se estou, mas sei que voltei a ter alguns lapsos de inspiração, que me levam a escrever algumas bobagens, estas que escreverei aqui.
É isso.
:)