quarta-feira, 27 de maio de 2009

O porquê da tristeza

Acho que quem lê, deve me imaginar como um ser antisocial, vazio, triste, decadente, com um copo de requeijão, com whisky, na mão, embriagado, tentando burlar, fugir da tristeza que me afeta e me abala. Pensar que cada texto desse foi escrito quando os antidepressivos que tomo já precisavam de uma outra dose para continuar seu efeito de falsa felicidade.

E o engraçado é que isso não ocorre!

Amo escrever sobre tristeza, solidão, melancolia, fundo do poço, pelo simples fato de achar lindo. Como não sou intelectual e como não tenho capacidade de escrever coisas interessantes, ou inteligentes, ou até de bolar situações das mais complexas, me resumo no que consigo e isso me resume.

È um traço meu. Não trago minha ironia para a minha poesia. Trago a minha depressão, que, às vezes, inexiste. E o engraçado é isso.

Cara, eu não consigo falar de uma menina loira brincando num parque verde, feliz. Imagino, logo em seguida, uma outra, abusada e espancada logo na rua atrás, próximo a uma que foi jogada de uma janela.

Mas é a vida, infelizmente. Se ficasse só na imaginação e no sentir, seria ótimo. O pior é que temos que viver e cada dia mais expostos à infelicidade das ruas e das pessoas. Mas é isso. O degradante está aí, ao nosso lado, a nossa frente, na nossa poesia.

Vazio... O vazio

E, cegamente, me abordou e se pôs a fazer colocações insanas sobre nós.
Não mais cobrava amor de mim, mas me queria vivo ao seu lado, estado este que já não mais me encontrava há tempos.

O amor estava ali, como um quadro em cores pastéis, que claramente exibia sua representação pálida. Era estático, imóvel. Já não mais pulsava. Eu não mais pulsava.

Era um morto com artérias que ainda teimavam em movimentar-me o sangue.

Já não mais sentia. Mas o que era sentir, senão um turbilhão de lembranças que me punham em sofrimento só pelo simples fato de ter amado alguém na vida?
E não mais amava. Ainda assim, se punha a cobrar aquilo que jamais teria de mim. Nem eu me tinha.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Carta de Bruno Sampaio para um eu desconhecido. Em Agosto/2008

(devidamente adaptada)

Alinhar à esquerdaTem uma música da Maria Rita que diz:

"se perguntar o que é o amor, pra mim...
não sei responder, não sei explicar...
mas sei que o amor nasceu dentro de mim..."

E quem sabe explicar?
Quem ousaria tentar explicar um sentimento tão contraditório? Eu só sei que por ele sofro, aliás, seria por ele ou pela paixão? É tudo tão confuso. A vida é tão confusa.

Pelo menos, estou vivendo uma fase super confusa. Tô mudando e quero ver a resposta desta mudança, mas não vejo. Anteriormente, escrevi que não sabia se estava apto a amar e agora já ouso dizer que o mundo não está apto a me amar, pelo menos, da maneira que desejo, não.

Enfim, tô começando a pensar que nasci para ser psicólogo ou apenas amigo. O dom da amizade, eu sei que tenho. Mas e o do amor, em si? Amor não fraternal? Amor entre dois? Será que sou incapaz de tê-lo ou são incapazes de me dar? Não sei, não sei. Só sei que no momento, estou começando a ter uma pontadinha de sofrimento, que, certamente, há de passar.
Mas o amor não passa e isso acaba comigo.

Bruno Sampaio, em 31/8/2008

É bem verdade que a situação, hoje, é bem outra. COMPLETAMENTE diferente, diga-se. Mas todo momento "fundo do poço" tem sua beleza, que, não sei se por ter herdado traços completamente down's da poesia do meu avô, Iranildo Sampaio, eu consigo perceber e achar muito mais belo do que qualquer outro. Sei lá, faz sentir mais, sabe? Criar mais afeto, mais identificação. Na verdade, quem se identifica com a felicidade plena e absoluta? Ninguém. Até porque a vida é toda uma onda que se propaga, seja no vácuo, ou não, dependendo de quem a viva, que tem seus altos e baixos, e sua velocidade, e sua energia. E sua força, porque não?

:)
ps': Em agosto, eu JAMAIS, repito, JAMAIS pensaria que eu faria vestibular pra psicologia e JAMAIS, repito, JAMAIS me imaginaria começando a cursar psicologia em agosto de 2009, um ano depois. Acho bem incrivelzinho.

Vasculhando um antigo blog, achei esse:

Das crenças que tenho
a do amor é a que mais me atormenta
e ignora
e apavora
e dói
e dói
sofrer por amar
amar pra sofrer
morrer de amores
então que seja uma morte dolorosa
que me mate aos poucos e com a intensidade de um câncer
que cresce e se espalha
que enraiza e tortura
que pisa, destrói
queria agonizar a dor da morte e muito mais a dor do amor
engasgado com meu próprio sangue e com a desilusão de um amor mal resolvido
de um amor torpe, estranho, proibido
amor vulgar, pervertido
porém inocente e puro
inocente e mortal
verdadeiro
e traiçoeiro
mate-me, pois
leve-me, pois
só não me deixe sofrer
ou então que leve meu coração contigo
e aqui me deixe, agonizando por te amar
e te amando pra morrer.
Bruno Sampaio

Não que seja verdade, e nem que deixe de ser, mas é bem isso que acontece. E que me toca.

Vasculhando alguns documentos, encontrei esse textinho:


Para escrever tristes coisas, me punha a pensar em situações desastrosas.

Pensava viver outros relacionamentos, amar outras pessoas. Mas não conseguia. Era um fato tão improvável que nem cabeça lhes dava, nem feições, nem sentimentos. Eram cadáveres com rostos putrefados, mortos e inexistentes assim como os sentimentos dentro de mim.

Era um vazio de plenitude que me assustava. Não me sentia bem. Era estranho amar uma pessoa e se imaginar longe dela. Era como se meu músculo pulsatório se conservasse vivo dentro de um vasilhame com formol, conservado, pungente. Mas eu não estava assim. Estava decomposto, assim como tudo que dentro de mim permanecia nesse estado.

Precisava reagir e não sabia como. Era como se tivesse embalsamado vivo e só meus olhos sentissem e percebessem a situação.

Triste situação lancinante de um morto vivo, que teimava em viver, mesmo sem sentir.

Bruno Sampaio.


Acho que é uma boa representação do que eu queria sentir na época.


Cara, é um espaço meu

Sei lá, às vezes, escrevo algumas coisas que se perdem. Crônicas, contos, cartas, poemas, poesias, são tantas as coisas que escrevo e que vagam por aí, sem fim e sem finalidade. Os mais próximos até gostam, alguns mais longes também. Há quem goste e quem não goste. O mesmo se aplica a mim e não só a mim.

Aí tinha um blog em que postei meia dúzia de opiniões e parei. Acho que por eu não ser crítico e por não estar numa época muito voltada a escrita. Mas agora estou. Aliás, nem sei se estou, mas sei que voltei a ter alguns lapsos de inspiração, que me levam a escrever algumas bobagens, estas que escreverei aqui.

É isso.

:)