quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

dis-Faces

Eu não me mostro
Eu não me demonstro
Eu só me abro para a minha poesia
Na face um sorriso aberto, expressivo
No peito uma lagrima latente, pungente
Eu não me abro, eu não me entrego
Eu me escondo, eu me afugento
Eu me abrigo nos meus versos
Eu ouço o som da minha métrica e nele me afogo
Eu me abismo, eu me lanço, eu me choro
Eu não me exponho
Eu sofro só, calado, na calada calada da noite
Eu penso, eu reflito, eu abstraio
Eu me refugio, eu me distraio
Eu sou eu, meu sofrimento e eu mesmo
Para todos, sou felicidade constante, abraços, sou um momento alegre
Para mim sou fracasso, sou abandono, sou solidão
Sou um porto à ver navios
Sou um peixe que nenhuma rede envolve
Sou livre e sou eu mesmo
Sou minha angústia e meu desespero
Sou minha sinceridade e minha vontade de viver
Não, não sou a vontade de viver.
Sou a verdade e isso aniquila tudo isso.
E isso me aniquila.


Bruno Sampaio.

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