segunda-feira, 25 de maio de 2009

Vasculhando alguns documentos, encontrei esse textinho:


Para escrever tristes coisas, me punha a pensar em situações desastrosas.

Pensava viver outros relacionamentos, amar outras pessoas. Mas não conseguia. Era um fato tão improvável que nem cabeça lhes dava, nem feições, nem sentimentos. Eram cadáveres com rostos putrefados, mortos e inexistentes assim como os sentimentos dentro de mim.

Era um vazio de plenitude que me assustava. Não me sentia bem. Era estranho amar uma pessoa e se imaginar longe dela. Era como se meu músculo pulsatório se conservasse vivo dentro de um vasilhame com formol, conservado, pungente. Mas eu não estava assim. Estava decomposto, assim como tudo que dentro de mim permanecia nesse estado.

Precisava reagir e não sabia como. Era como se tivesse embalsamado vivo e só meus olhos sentissem e percebessem a situação.

Triste situação lancinante de um morto vivo, que teimava em viver, mesmo sem sentir.

Bruno Sampaio.


Acho que é uma boa representação do que eu queria sentir na época.


Um comentário:

  1. Perfeito...
    quem me dera saber colocar as palavras em ordem a fim de obter uma metáfora sincronico-sinestésica iguais as suas...

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