segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Incrível como a palavra "pulsar" aparece com tanta freqüência naquilo que escrevo. Às vezes, me impressiono. Escrevi esse texto hoje, numa aula de Metodologia do Trabalho Acadêmico:


Era um eterno pulsar de desconfiança. Tudo: a vida, os estudos, o amor. Desconfiava de si e dos outros com uma maestria assustadora.
Tentava objetividade, em vão. A prolixidade existencial lhe era tão arraigada que lhe definia.
Era um Decartismo eterno: se punha em dúvida sobre tudo.
Desconfiada, andava, com seus passos pesados, tristes, acompanhantes de uma sinfonia fúnebre.
Queria amor. Na verdade, queria ser amada, queria que uma alma viva, mesmo que por caridade, demonstrasse amor por ela. Ela não se amava, não cuidava de si, os cabelos desgrenhados e secos eram testemunhas de seus maus tratos interiores que se refletiam em sua casca. E apenas assim se via: como uma casca. Uma casca inóspita, vazia, oca, quase inexistente.
Tentava, por vezes, fingir segurança, mas sempre falhava. Gaguejava, roía-se, olhava um alvo abstrato, mas nada lhe valia, ou servia.
Suas colunas de sustentação interior já estavam destruídas demais. Nem um aspecto saudável conseguia manter.
Quando chegasse em casa, choraria em cima de seu travesseiro, já úmido, e tentaria se consolar em seu pranto. Sabia que permaneceria assim para sempre, até o fim, que, certamente, já estava bem próximo.

Bruno Sampaio.

Um comentário:

  1. meeeennnnntira que tem blog?! e que ainda por cima escreve super bem?! o.O

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